Rev. Luiz Pereira dos Santos
Deus, na sua grandiosa sabedoria, viu em sua mente iluminada, em seu coração abrasado de ternura tudo aquilo que criou. E tudo começou a sair desses dois espaços sem tamanho, sem limites, mas que ao mesmo tempo via a beleza das coisas que daí iam nascendo. Desses cantinhos de Deus nasceu a terra, a mãe, a base para toda a vida; nasceu as águas, que se misturadas com a terra florescia a exuberância da natureza. Então a água e a terra fizeram uma aliança que, daquele momento em diante haveriam de estar sempre juntas para que a beleza do criador se fizesse presente em tudo.
Desse belíssimo casamento surgiram as plantas e os animais nas suas várias tonalidades existentes e, alimentadas pela terra e pela água, coloriram de beleza – com a exuberância da flores, com a imponência das árvores e com a suavidade dos campos, com o cantar dos pássaro, com o sussurro dos animais maiores, com o mergulho dos peixes – um cantinho do universo. Aqueles dois elementos, agora, um só corpo, unidos e diluídos um no outro para serem mais do que simplesmente eram individualmente, água e terra. Eles são agora o mundo, eles são a vida, eles são os sonhos de Deus.
Para que tudo ficasse perfeito, das entranhas daquela unidade misteriosa, a mão do criador retira uma porção latejante das fibras que interligam todas as coisas, e começa a moldar um pequeno boneco. Não era uma brincadeira, era sim um grande desejo de poder dividir o que Ele era. Das suas mãos nasceu a sua semelhança. Um pouco abaixo da sua majestade nos criastes. Sim, agora podia descansar, pois não se encontrava mais sozinho na imensidão do nada. A sua beleza se fez em nós.
O tempo foi passando e o criador continuou sempre no cuidado de tudo que gerou. Ele mesmo será o guia, especialmente daquela criatura que por último apareceu. Percebe que é necessário alimentar esta criatura com alimentos diferenciados, e então coloca nela um espírito de vida, acrescenta uma porção considerável de esperança, uma pitadinha de riso, que faz uma diferença enorme, uma porção calcada e sacudida de fé e uma quantia enorme de fraternidade. Com esses ingredientes, e outros, todos os seus semelhantes têm muitas e muitas razões para viverem, e sonharem os sonhos do criador.
Muitos sonhadores sonharam com o criador. Assim foi para um velho casal, já debilitados pelo passar do tempo, mas alimentados pela deliciosa esperança. A cumplicidade com o criador era tão grande que viviam num profundo diálogo. Trocavam muitas idéias a respeito da vida que viviam, e as vezes, não compreendiam algumas colocações e pedidos do criador. Mesmo não compreendendo muito bem as promessas que lhes eram apresentadas, eles se deixavam levar pelas leves asas de Deus - a semelhança dos passarinhos - que certamente contemplavam nas folhas verdejantes do carvalho de Mambré. Os dois voavam nas promessas do criador. Esse embalo, firmado no despojamento e na esperança provocava uma um pouco de incerteza e medo, mas nada comparado com os muitos risos que davam. Risos nascidos muito mais da alegria em serem receptivos a promessa do que de dúvidas em relação a ela. Risos que nascem pela renovação das entranhas da vida que carregavam em seus corpos cambaleantes.
E com passos firmes e decididos rumo a grande descendência eles esperaram e acreditaram que poderiam ser e criar, com o criador, numerosos guardiãs do seu paraíso. Guardiãs daquele mistério profundo, daquela mistura vital, daquela criação perfeita; daquela promessa de vida a todos os seus. Para aprofundar esta aliança é bom que:
Sejas um pouco do criador - que te gerou como semelhança sua, para que vivas a sua vida – protetor e guardião da vida. Da vida das gentes, das borboletas, das plantinhas, da águas;
Sejas um pouco da mistura da água com a terra, para que te renoves também a cada instante e em ti possas brotar as ramagem do amor e da fraternidade;
Sejas um pouco de Abraão e de Sara para que vejas, mesmo diante do impossível, o possível de Deus acontecer;
Sejas um pouco de Moises que tirou as sandálias para se apresentar livre diante do Eu Sou, sem nenhuma amarra...sem preconceitos, sem as suas verdades, mas para acolher a ternura e bondade de Deus.
Sejas um pouco dos discípulos e discípulas de Jesus, que passaram a viver a força da oração e da partilha do pão em suas vidas;
Sejas muito do Cristo Jesus para que possas irradiar constantemente em sua família, em seu trabalho em sua igreja, ou onde quer que você viva, as chamas desse amor de Cristo que iluminam e aquecem a sua vida.
Sejas um pouco de você mesmo, um pouco do outro e um pouco de Deus para que a beleza do Cristo se veja em ti, em mim, em nós.
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